segunda-feira, 23 de dezembro de 2013

(Foto: Nelson Antoine/FotoArena/Estadão Conteúdo)
Hoje pela manhã acompanhei notícias sobre o acidente de ônibus que matou 16 pessoas na rodovia Régis Bittencourt, em São Paulo. Em um dos segmentos sobre o acidente, estavam dois rapazes que esperavam por notícias sobre suas mães e descobriram que elas não sobreviveram ao capotamento. Dói muito ver a dor dos outros exposta assim.

Também falaram sobre os sobreviventes. Uma delas, uma moça cujo nome esqueci, falou que acredita que Deus tem um projeto muito grande para a vida dela e que por isso ela está viva. Isso mexeu comigo. Fico feliz que tenha sobrevivido, apesar de não conhecê-la. Mas atribuir sua sobrevivência à um projeto que Deus teria para a vida dela é, inconscientemente, dizer que as pessoas que morreram não estavam sob a vigilância de Deus e que na vida delas não haveria um projeto especial também.

E pensar nisso às vésperas do Natal, em que muitas dessas pessoas iriam se reencontrar com entes queridos, compartilhar histórias, trocar presentes, ou seja lá o que elas fossem fazer, é um pouco triste. Pensar que existe uma força por aí que escolhe quem vive e quem morre, se é o pai do Rafael ou aquela moça, se são mães, irmãs de algumas pessoas e não de outras...

Às famílias que perderam pessoas em uma data em que todos estamos tão emotivos, talvez somente reste a fé de que o acidente aconteceu e seus familiares morreram porque eles tenham cumprido sua missão aqui na Terra, porque talvez possa existir algo melhor para eles do outro lado, se tal lado existe.

É complicado pensar sobre essas coisas. É difícil entender. Aos que estão vivos, a alegria de ter sobrevivido deve ser maior do que o impacto de saber que nem todos que pegaram aquele ônibus chegaram ao destino final. 

Nenhum comentário:

Postar um comentário